Já nasci náufrago.
Nunca houve
canto de sereia,
ou rumor de búzio,
que me fizesse
desejar
a interrupta surpresa da espuma,
o infinito abismo de sal,
a vocação
que os marinheiros
dizem haver
no azul .
É por isso que vivo,
os meus receosos dias,
como quem viaja
entre ilhas previsíveis.
É por isso também,
que só demando pelos portos
que têm o sossego
dos lugares reconhecidos.
É muito frágil e iminente a jangada
em que navego a minha vida.
As cordas têm os nós da memória já lassos
e apodrecido o chão, madeira de sonhos,
há muito que, enleada,
a vela da vontade se rasgou.
No horizonte
(em que ao nascer naufraguei )
já nem reparo
Sem comentários:
Enviar um comentário